quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ministros Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes: sobre Lula e sobre tráfico de influência




No dia 28/05/2012 a edição eletrônica de Valor Econômico trouxe a pauta a opinião do Ministro Marco Aurélio Mello sobre a história de pressão que Lula teria feito sobre o Ministro Gilmar Mendes e que ora transecrevo parcialmente:

"Valor - Há uma tentativa de pressionar o Supremo?
Marco Aurélio Mello - Se ocorreu realmente como colocado, nós temos a revelação da quadra vivenciada. É o abandono a um respeito maior às instituições. Todos nós estamos perplexos com o fato. Não me refiro à colocação do presidente Lula de que não seria conveniente o julgamento, mas a uma pressão explícita ou implícita, no que se aludiu à blindagem [do ministro Gilmar Mendes na CPI]. O ministro Gilmar Mendes não precisa de blindagem nenhuma. Até aqui, é um homem acima de qualquer suspeita."

No mesmo dia, em entrevista à FOLHA, respondeu o seguinte:

"FOLHA – Como o sr. avalia esse encontro do ministro Gilmar Mendes com o ex-presidente Lula e o pedido de adiar o julgamento?
MARCO AURÉLIO MELLO - Está tudo errado. É o tipo de acontecimento que não se coaduna com a liturgia do Supremo Tribunal Federal, nem de um ex-presidente da República ou de um ex-presidente do tribunal, caso o Nelson Jobim tenha de fato participado disso. 

Ontem, porém, dia 30 o que ele disse????  Afirmou que mesmo se forem verdade os fatos narrados pelo também Ministro Gilmar Mendes, não há nada de mal  é ”legítimo” e “normal” que o ex-presidente Lula manifeste opinião sobre a data que considera mais conveniente para o julgamento do mensalão. Justificou que é aceitável porque Lula não não é jurista e porque ele é do PT, e que ele não tratou do mérito do processo. Disse também que o encontro deveria ter ocorrido no STF, e não no escritório de Nelson Jobim, ex-ministro do STF. E mais: noticiou ele que causou estranheza a demora do Ministro em trazer a público a novela em questão.


Agora eu estou louco ou há incongruência manifesta nos pronunciamentos acima?

Dr. Márcio Thomaz Bastos: Uma reflexão sobre os corruptos e seus diabólicos advogados

Recentemente recebi um e.mail assinado por um pretenso advogado que exibia fervorosamente seu rancor, seu desprezo pelo trabalho do Dr. Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da justiça e emérito jurista e professor.

O motivo todo mundo já sabe: seu desserviço a sociedade ao advogar para Carlinhos Cachoeira.

Dificilmente um advogado seria autor das bobagens que li, mas a julgar pelas outras asneiras ditas por um Procurador em sua representação contra o dignissimo jurista, até dá para ficar na dúvida.

Um advogado consciente de sua posição como profissional não diria as asneiras que vi no e.mail por diversas razões que vão desde o respeito a ampla defesa e ao contraditório, passando pelos princípios constitucionais que asseguram o direito ao silêncio sobretudo naquilo que fizer prova contra si mesmo e asseguram que um sujeito somente será considerado culpado  após condenado por sentença com trânsito em julgado, chegando finalmente ao princípio de que o mister da Advocacia é um dos 03 pilares da Justiça em conjunto com o realizado pelo Ministério Público e pela Magistratura.

Mas mesmo para um leigo a carta aberta é tosca e mirim, atenta contra qualquer idéia de Estado de Direito e Democracia, além de incorrer em erros básicos de lógica.

Segundo a lógica do autor do e.mail deveríamos fazer o seguinte: cartas abertas aos nocivos advogados que defendem os indiscutivelmente perniciosos bancos que com seus juros exorbitantes destroem a possibilidade do país crescer de forma sustentável e que recebem de braços abertos o dinheiro dos corruptos e dos bandidos. Aliás os bancos são grandes financiadores desse bando de políticos sujos.

Cartas abertas às empreiteiras de obras públicas envolvidas em maracutais, bem como a todos os seus funcionários e advogados porque cada um, ainda que em níveis distintos, se beneficia da corrupção direta ou indiretamente na medida em que são remunerados com o dinheiro sujo e por seu labor, ainda que lícito e legítimo, mantém a estrutura da corrupção funcionando.

Cartas abertas aos advogados e dirigentes das indústrias do álcool e do tabaco que com suas drogas lícitas promovem mais mortes que qualquer guerra até hoje já promoveu e são defendidos e administrados pelos primeiros.

Cartas abertas a todo e qualquer comerciante que ganhe a vida vendendo esses produtos que vão gerar a desgraça alheia.

Cartas abertas a todos os que estão envolvidos direta ou indiretamente nas empresas que vendem agrotóxicos e que poluem as águas, o solo e o ar...

Cartas abertas aos advogados que defendem as Igrejas em geral, bem como ao seus fiéis, afinal a Igreja Universal do Reino de Deus, Bispos da Igreja Renascer em Cristo, Igreja Católica e seus representantes, por exemplo, com suas tantas denúncias de corrupção, de lavagem de dinheiro, de abuso contra fiéis e contra menores são verdadeiros parias sociais que merecem ser execrados juntamente com seus fiéis que fomentam e dão suporte a essa grande bandalheira.

Acima de tudo, vamos fazer cartas abertas aos médicos privados que atendem a esses bandidos e corruptos, porque aonde é que já se viu manter-se vivas pessoas dessa laia? Facilmente se poderia deixar de atendê-los sobretudo para deixar de receber seu dinheiro que é desonestamente ganho. Aliás nem médicos públicos poderiam atender nenhum desses pilantras porque estariam gastando dinheiro público com quem já está em poder de muito dinheiro público desviado ou desonestamente auferido.

Mais do que isso: cartas abertas a qualquer um que atenda esses pilantras! Comerciantes em geral, prestadores de serviços de qualquer natureza, locadores de imóveis, estacionamento, pilotos de seus jatos e helicópteros, detentores de suas contas de e.mail, seus professores e de seus filhos, nenhum de nós jamais poderia prestar serviços a alguém tão nocivo e corrupto que nos pagará com seu dinheiro sujo.

Não podemos esquecer de fazermos cartas abertas ao Poder Judiciário na pessoa dos magistrados e mnistros que absolvem todo esse povo das acusações que lhes pesam ou permitem que sigam em suas atividades lesivas porque encontram respaldo legal para tanto.

Fazemos não somente fazer cartas abertas a quem julga e interpreta as leis mas a quem as faz: nossos legisladores, esses mesmos políticos corrputos sobre os quais tanto tratamos e que deixam os espaços na legislação que os diabólicos advogados legitimamente usam em prol de seus clientes.

Finalmente: cartas abertas a qualquer um que atender aos dependentes de todo e qualquer pessoa acuada de pratica de alguma ilicitude, sobretudo dos corruptos (ativos e passivos) e dos bandidos!

Mulheres e filhos, pais e mães, nenhum ser que deles dependa e que, pela lógica, se beneficie desse dinheiro poderia ser atendido por advogados, médicos, corretores de saúde e de imóveis, padeiros, confeiteiros, empregados domésticos e por aí vai. Afinal, essas pessoas são solidárias e cúmplices com essa gente corrupta na medida em que se beneficiam do dinheiro sujo...

Lógica fácil de entender, não é mesmo? Para um país em que mesmo gente culta se faz de ignorante, em que mesmo quem não necessita é corrupto, em que pouca gente ou ninguém respeita as leis, fica fácil achar na figura do advogado um responsável pelo descaso da população com o próprio país. Se é para ferir direitos individuais e a democracia, por que então as pessoas não saem às ruas depredando os políticos corruptos ou tirando-lhes a vida como na Revolução Francesa? A resposta é porque  cada um de nós conhece alguém que sonega impostos; que dirige com habilitação vencida, suspensa ou cassada; que tem algum estabelecimento não regular; que exerce alguma atividade sem os alvarás respectivos; que paga propina a políticos, policiais ou fiscais; que constrói sem pagar INSS; que emprega sem respeitar as leis laborais; que tem TV a cabo sem pagar assinatura; que ultrapassa a velocidade permitida ou que passa farol vermelho ou que bebe e sai dirigindo ou que fala inverdades sobre a pessoa alheia e por aí vai….o resto do raciocínio eu nem preciso mais escrever.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A causa GLBT e o indivíduo

Eu faço parte daquele grupo que apóia a conquista e o respeito aos direitos civis de homossexuais. 

Não se trata de eu ser um simpatizante de qualquer gênero. 

Se trata de simples coerência social e jurídica: se ninguém pode ser vítima de preconceito por seu sexo e sua condição, se é um dever do Estado tratar de extirpar as desigualdades sociais e promover a justiça, ora, então é preciso reconhecer que então cidadão, qualquer pessoa - independetemente de sua orientação sexual - deve ser respeitado.

Uma vez que vivemos num estado democrático de direito, numa situação em que o governo é exercido pelo povo e para o povo e todo cidadão é parte do povo, não se pode atribuir a essas pessoas deveres e negar-lhes direitos.

Quem quer casar e ser feliz, indepententemente de sua condição sexual, deve ser respeitado e franqueado o casamento seja ele hetero ou homo.

Deve ser punida severamente a violência contra pessoas de orientações sexuais diversas da dominante.

Deve ser ensinado o respeito nas escolas, nos lares e nos ambientes político-sociais, assim como é pregado o respeito à liberdade religiosa, de associação, de trabalho e etc.

Pois bem, disse tudo isso porque hoje vi uma notícia que me chamou a atenção: Léo Aquila é um desses tipos que fazem fama em programas de TV explorando sua própria figura que se propõe caricata, subversiva e, ao mesmo tempo, engajada com a causa GLBT.

Ele nasceu do sexo masculino mas revela-se homossexual.

Não é, contudo, um gay com aparência masculina como Leão Lobo, nem é um crossdresser como o Laerte, ou um simples Drag Queen como a Izabelita dos Patins!

Ele é um transexual! 

Não fez vaginoplastia como a Ariadna mas exibe implantes de silicone nos seios, transplante capilar e feminilização do rosto, adição de gordura nas nadegas, lipoaspiração e usa voz feminina.

Seria de se esperar que ele, então, se apresentasse como mulher ou, minimamente, adotasse um nome social feminino como fazem os travestis.

No caso do Léo. ao que consta, ele faz questão de ser identificado pelo gênero masculino, com seu codinome masculino e assim se apresentou, como um ser híbrido menino/menina, naquele programa A FAZENDA gerando polêmica entre os representantes da causa GLBT.

Mais curioso é que ele se refere a si mesmo no feminino: "casada", "dolorida" e assim vai.

Dizem que ele enfraquece a causa GLBT. Sei lá...desde que compreendi que cada pessoa tem sua orientação sexual e de que as pessoas são muuuuuiiiittttooooo complicadas, aprendi também que causa nenhuma pode interferir na condição do indivíduo, sob pena de tiranizá-lo com rótulos contra os quais se luta, sob pena de cercear a liberdade que tanto se reivindica nessas "causas".

Se ele quer ser identificado como homem ou como um menino/menina ou como transgênero ou como marciano o propblema é dele.

Se transformar o seu corpo masculino para uma estética mais feminina, o problema é de quem? Dele e somente dele. 

Causa nenhuma está acima disso.

O problema vai ser usar o banheiro público....Laerte que o diga.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Amar não é...

Enquanto lê o texto, preste atenção na letra da música

 


Sentir aquela dor no peito toda vez que nota seu (sua) ex-parceiro(a) se virando muito bem sem você com o subsequente reconhecimento íntimo de que você não é imprescindível na vida dele(a).
Isso é orgulho ferido.

Sentir-se desolado(a) porque agora que você a(o) perdeu não consegue exercer sobre ela(e) o mesmo poder e influência que exercia antes.
Isso é vaidade.

A vontade de reatar a relação porque percebeu que sua vida de solteiro(a) não te traz tanta satisfação quanto você imaginava.
Isso é frustração.

Sentir-se impelido a voltar com seu(ua) ex porque ele(a) está sofrendo e lhe prometeu mudar de comportamento e tentar ser feliz de novo ao seu lado.
Isso é dó.

Acreditar que a reação de arrependimento do(a) ex que, diante da sua altivez e de sua segurança, sentiu-se diminuído (a) e fragilizado (a) com a própria iniciativa da separação, é demonstração de carinho e de humildade.
Isso é ingenuidade.

Aceitar voltar ao casamento pelo bem dos filhos.
Isso é desculpa.

Sentir aquele aperto na garganta quando se dá conta de que sua (seu) ex está com outro (a) e feliz.
Isso é ego ferido.

Querer voltar com ele(a) porque VOCÊ quer ser feliz.
Isso é egocentrismo.

Sentir que quer voltar com ela(e) porque ainda sente ciúmes.
Isso é possessividade.

Sentir que deve de reatar com seu (sua) ex porque você conhece melhor a ele (a) que aos (às) outros (as) com quem saiu depois da separação, sente-se mais confortável com ele(a) que com esses outros (as) e sabe que ele(a) conhece muito mais você e seus gostos que os(as) outros(as).
Isso é um misto de medo e comodismo.

Sentir que deve reatar porque ela(e) mudou muto depois da separação e agora lhe parece melhor do que antes.
Isso é o efeito do distanciamento.

Querer voltar com ele(a) por acreditar que sua insatisfação foi chave para o insucesso da relação.
Isso é insegurança

Sentir apreço e consideração pela(o) ex.
Isso é amizade.

Sentir-se impelido(a) a sacrificar a própria felicidade e liberdade para tentar novamente só porque você não consegue romper com suas próprias fragilidades e limitações.
Isso é tolice.

Querer fazer sexo com ele(a) porque ninguém que você conheceu é tão bom assim.
Isso é libido.

Sentir saudade dos tempos em que dormiam abraçados.
Isso é carência.

Acreditar que ele(a) é ímpar, que embora ele não te fizesse feliz antes agora será o único capaz disso.
Isso imaturidade.

Acreditar que deve voltar à relação porque sente que não fez o(a) parceira feliz antes e pode fazê-lo agora.
Isso é culpa.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Porque outros países deveriam deixar de se meter nas questões ecológicas brasileiras

Reportagem da Folha publicado no UOL de hoje:  http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/1091068-com-participacao-de-astronauta-relatorio-mostra-que-pegada-do-brasil-supera-a-da-china-e-a-da-india.shtml

 Com participação de astronauta, relatório mostra que 'pegada' do Brasil supera a da China e a da Índia


A pegada ecológica do Brasil é maior que a média mundial e maior que a de todos os países do grupo Brics exceto a Rússia (o grupo inclui China, Índia e África do Sul). 

Os dados são do Relatório Planeta Vivo 2012, divulgado pela ONG WWF com a participação do astronauta holandês André Kuipers.

Divulgação/Nasa
O astronauta andré Kuipers, que participou, no espaço, da apresentação do relatório
O astronauta andré Kuipers, que participou, no espaço, da apresentação do relatório
Pegada ecológica é a quantidade de hectares necessária para suprir as necessidades de consumo de cada ser humano versus a capacidade de regeneração da Terra.
O relatório mostra que a pegada da humanidade hoje excedeu em 50% a capacidade de regeneração do planeta. Ou seja, para sustentar o padrão de consumo atual, seria necessário 1,5 planeta.
A pegada ecológica da humanidade dobrou desde 1966. Entre os países com maior pegada estão nações emergentes e de território pequeno, como Qatar (1°) e Dinamarca (4°), além dos gigantes consumistas EUA (5°).
O Brasil tem uma pegada ecológica de 2,93 hectares por pessoa, contra 2,70 da média global. Segundo Cecília Wey de Brito, secretária-geral do WWF Brasil, o que mais pesa aqui é a agropecuária, que consome muita terra e água.
A pegada cresceu ligeiramente em 2012 em comparação a 2010 e só não é maior porque o Brasil detém a maior biocapacidade (capacidade de regeneração) do mundo, por conta de suas florestas.
"O Código Florestal é um dos garantidores de que isso continue", disse Brito, pedindo o veto de Dilma ao código aprovado pela Câmara.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

E porque é sexta-feira



Aí que vontade de estar na praia...

Política x Bunda

Há tempos que estou me reconhecendo um chato.

Levemente intolerante e crítico além da média, por vezes me pego em sistuações bem delicadas: seja quando me analiso, seja quando analiso os outros.

Uma situação cada vez mais frequente que tenho que enfrentar é a incoerência tupiniquim.

As pessoas são incoerentes desde que mundo é mundo. Têm preguiça de pensar e medo de o uso razão o retire de sua zona de conforto.

Mas, antes, ao me deparar com isso o efeito era o de me levar à reflexão. Timidamente esboçava tratar de meus pensamentos em público e quando sentia a reserva dos ouvintes desistia de falar.

Hoje em dia não!

Por vezes não consigo me conter e exponho essa incoerência alheia sem maiores pudores o que, como se pode imaginar, me torna um antipático ou um besta aos olhos dos outros que confrontados com a própria imbecilidade parecem preferir acreditar que o errado é quem os enxerga.

E quando o assunto é política, então? Aí fudeu...

Eu preciso fazer um exercício de concentração muito grande para não mandar os cegos a merda.

Para se ter uma idéia do que estou falando, é graças aos grandes pensadores da "elite" paulistana que hoje temos como pré-candidatos os seguintes zumbis:
a) José Serra
b) Celso Russomano
c) Netinho
d) Soninha
e) Gabriel Chalita

É nessa ordem a aceitação do eleitorado. Agora, imaginem só se Celso Russomano se unir ao Netinho? Vitória na certa. E, nesse caso, terei que pensar seriamente em mudar de Cidade, Estado ou até mesmo de País.

Por que estamos assim? 

Vozes se levantam, sempre que faço publicamente essa pergunta, que o problema é da educação do "povo", da massa, do populacho.

Sei...mas e as idiotices que falam aqueles que, como eu, têm nível sócio cultural mais elevado que a média nacional? E as pessoas bem nascidas com as quais tenho contato, que tiveram acesso a boas escolas e cultura?

Não sou rico, nasci num berço bem humilde e prosperei graças a muito esforço mas sequer estou numa situação que considero confortável financeiramente. Afinal não estou livre de preocupações financeiras que não acometem outros amigos.

Entretanto acredito pertencer a uma elite. Elite no sentido de ter tido acesso a uma educação boa que me permite pensar e olhar a vida e as coisas da vida com olhos críticos que meus pares parecem não ter.

O fato é que, em verdade, a incoerência e a retórica vazia de reflexão e de praxe é parte da cultura desse meu país.

Afinal brasileiro é incoerente até mesmo quando o assunto é BUNDA.

Vivemos num país em que as mulheres se vestem de forma recatada se considerado o que se vê no verão europeu ou em Miami. Nossos BBB's são infinitamente mais recatados do que os europeus que não mostram só bundas e peitos mas chegam a ter sexo explícito.

Em compensação, nas praias brasileiras as mulheres mostram a bunda à vontade enquanto ninguém faz topless porque causa escândalo, não obstante os eventos carnavalescos, os funks e as "noites das xoxotas loucas" do interior do país mostrem mulheres nuas em pleno ambiente público e, por vezes, "familiar".

Bunda é assunto que leva todo mundo a debater acaloradamente. Seja porque a bunda da fulana é gostosa, seja porque a cicrana mostrou a bunda sem calcinha sei lá onde, seja porque a beltrana bunduda raspou o cabelo....

E gente que mostrou a bunda para ganhar a vida subitamente se torna casta como a Vera Fischer, Xuxa, Regininha Poltergeist e a Mirian Rios, sendo que todos nós vemos isso, aceitamos isso e as erigimos a patamares sociais mais altos enquanto execramos homossexuais por sua condição de vida e por sua opção pelo casamento.

Dá para entender???? Maior incoerência impossível.

Um país cheio de absurdos políticos e jurídicos, uma cidade mergulhada em caos e a galera se preocupa com o que se passa no BBB, no Pânico na TV e nas demais idiotíces televisionadas pelo país a fora não pode ter em sua bandeira "ordem e progresso" como lema.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Por um mundo melhor

Hoje o UOL noticiou que a cearense Luma Andrade será a primeira travesti do Brasil a apresentar uma tese de doutorado, segundo informa a ABGLT (Associação Brasileiras de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros). Graduada em ciências naturais pela Uece (Universidade Estadual do Ceará) e com mestrado na área do desenvolvimento do meio ambiente pela Uern (Universidade Federal do Rio Grande), agora, aos 35 anos, ela é doutoranda em educação pela UFC (Universidade Federal do Ceará).

Para obter o título de doutora, ela se inspirou na própria realidade e produziu um estudo baseado no acesso das travestis (homossexuais que se vestem como mulheres) cearenses à educação. “Pude constatar que está havendo um aumento do acesso e também da procura pela escola, mas ainda há resistências como a discriminação, bullyng e a marginalização”, afirmou ela.

Resistência, aliás, é uma palavra ou até mesmo um sentimento muito conhecido por Luma. “Desde os oito anos de idade que convivo com isso. Já cheguei a apanhar na escola e ouvir da professora que era bem feito”, contou.

Mesmo assim, ela disse que focou a atenção para os estudos e usou sua aptidão para as ciências exatas como uma aliada na conquista de amigos e de respeito dos colegas. “Eu sabia matemática e fiz com que isso me ajudasse. Passei a dar aulas para os colegas e eles passaram a ser meus amigos”, disse.

Em casa ela usou a mesma estratégia de focar a atenção para os estudos, na hora de responder os questionamentos dos pais, dois agricultores analfabetos que não a discriminavam, mas sempre perguntavam por uma namorada, principalmente no período da adolescência.

Já adulta, chegou a ir, nos primeiros dias, para o campus da Universidade Federal do Ceará, no município de Limoeiro do Norte, onde concluiu a graduação, vestida com roupas masculinas para evitar situações de preconceito e constrangimento, mas a estratégia não deu certo. No primeiro dia de aula, ela conta que foi uma chacota geral, mas, depois que resolveu usar roupas femininas, as pessoas a conheceram melhor e ela começou a ser aceita. “De início foi uma decepção, pois achava que na universidade as pessoas eram mais maduras”, disse.

Depois de formada, Luma recebeu o convite de um ex-professor da faculdade para dar aula em uma escola, mas o que parecia ser uma grande oportunidade, na verdade foi um grande teste.

“Era terrível, os dirigentes e outros professores ficavam atrás das portas assistindo à minha aula. Os alunos também ficavam rindo e muitos gritavam: gay, viado (sic), dentre outros palavrões. No fundo, eles achavam que a minha aula (de ciências naturais) ia ser uma palhaçada, mas sempre no primeiro dia, eu contava a minha história de vida e ganhava fãs e aliados. Eles também são pobres, nordestinos e sonham com dias melhores. “Além disso, sempre mantive postura, seriedade para lecionar, o que foi fundamental para adquirir o respeito de alunos e colegas”, completa.

Essa realidade chama a atenção para a diferença entre teoria e prática cristã: num país em que a maior parte das pessoas se diz cristã, seria de imaginar que a tolerância fosse a regra! 

Mas tolerância e cristianismo ou, quem sabe, tolerância e religião não combinam.

Cristãos se baseiam na bíblia para seguir sua vida e deveriam ter na figura e nas atitudes de Jesus os guias para serem melhores pessoas.

Não jogar a primeira pedra e deixar o julgamento da conduta alheia para deus, respeitar o próximo e a lei dos homens, premissas biblicas bem claras, parece que são posturas desconhecidas quando o assunto é tolerância.

Fico feliz porque alguns travestis conseguem romper com o perverso ciclo queos leva  à prostituição. Isso serve de exmplo para todos nós que buscamos um grupo social mais livre e solidário.