terça-feira, 17 de maio de 2011

Mendigos

Somos todos desafortunados! Gente pobre, miserável, sem futuro e sem passado. Sim, verdadeiros indigentes, desses que beiram o eirado.

Não se trata de finanças. Não falo de patrimônio porque tem mendigo na bonança andando de Aston Martin.

Me refiro ao espírito de nação da qual todos somos todos depauperados. Não ligamos uns para os outros. Basta lembrar das máximas populares criadas em terras tupiniquins: "Cada um para si e deus para todos"; "Quem pode mais chora menos"; "Em terra de cego quem tem olho é rei".

Nem pense que quem participa de coletas de cestas básicas, doações, caridades é mais agraciado porque essa solidariedade pessoal não é solidariedade social e nada resolve, só remedia. Quem dera essas pessoas afunilassem tanto esforço e disposição num sentido amplo, no nível político, que é a única forma de sanar as mazelas que vemos no nosso dia a dia.
Por exemplo, vemos as escolas públicas em estado de vergonha porque nada ensinam, ao revés disso, contrariam a cultura e nos nivelam por baixo. Mas nada fazemos porque nossos filhos, de gente de classe média e alta, estudam em escolas particulares.

Vemos os hospitais públicos levarem centenas de pessoas à morte todos os dias por não terem atendimento adequado mas nós, que nos sentimos privilegiados, nem estamos aí porque temos plano de saúde.

A segurança pública está um caco? Colocamos empresas de segurança privada ao nosso redor, blindamos nossos veículos e gastamos fortunas com seguros.

As ruas estão sujas e foda-se porque nossas casas estão limpas.

Apenas nos insurgimos quando o assunto é reforma tributária. Todos querem a dimunição de impostos como se isso ajudasse a resolver o problema da corrupção endêmica que forra o Brasil.

Não precisa diminuir impostos, basta não termos que pagar para ter aquilo para o que esses mesmos impostos deveriam bastar: educação, saúde e segurança!

Se tivessemos isso, os impostos poderiam seguir como estão e todas as classes sociais seriam beneficiadas. Mas não, pensamos apenas em nosso umbigo, umbigo de quem pode pagar pelas necessidades básicas e pau na bunda de quem não pode.

Pobre é aquele cuja única visão é a de si mesmo.

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