O deus do conforto

A resposta à postagemimediatamente anterior a esta  é, segundo o personagem Lourenço de "O Cheiro do Ralo", o conforto.

Ele faz ainda uma reflexão engraçada sobre a produção do conforto em contraponto à produção do  lixo.

Isso me remete diretamente às últimas notícias sobre a poluição das praias paulistas.

Nem me refiro ao litoral sul, que tem no Guarujá seu ícone máximo de atração e que tem praias poluidíssimas de modo que de tempos em tempos há surtos de doenças, diarréias e que tais. Não é para menos, nadar nós próprios dejetos não parece ser muito saudável.

Minha preocupação fica por conta do litoral norte cujas praias eram limpas até poucos anos atrás e mas hoje estão gravamente poluídas (não como no litoral sul, claro).

Para se ter uma idéia, tomando-se por base Ilhabela, um santuário para endinheirados e amantes da natureza, lá existem 13 praias das quais 08 receberam sinal vermelho da Cetesb, ou seja, indicadas como impróprias ao uso humano.

E entre as praias poluídas a maioria é do norte, o reduto dos bacanas, dos economicamente priveligiados, dos velejadores e praticantes de esportes nauticos em geral, assim como dos hotéis mais frequentados da ilha, à exceção do DPNY, hotel construído com tratamento de esgoto e que fica no sul da ilha numa praia (Curral) que sempre foi alvo de desdém pelos usuários do canto norte.

É emblemático: o luxo todo que se encontra na parte norte da ilha leva seus frequentadores a nadarem em praias nas quais o nível de lixo (coliformes fecais) oriundos de suas casas torna o uso da praia não recomendável.

Chega-se a tal ponto que dia desses eu estava em frente à praia do Viana, na parte norte da ilha, e o cheiro de esgoto era tão nauseante que fiquei indignado com a ausência de placas alertando a impropriedade do uso quando fui informado que a tal placa existia mas foi retirada por comerciantes locais. 

E enquanto isso a galera se divertia na água mesmo a despeito daquele cheiro...isso é o ser humano.