Unívoco

Para alguns isso é estimulante....

Inconsequente é aquele que age sem compromisso com as consequências dos seus atos?

Não! Inconsequente é sinônimo de incoerente.

Insipiente é aquilo que está no começo, iniciando e com pouca força?

Não. Insipiente é o mesmo que ignorante, já "incipiente" - este sim - é que ostenta o significado acima.

Mas: amor, prazer, afeição, fidelidade, amizade, respeito e liberdade? O que estas palavras significam?

Parecem óbvias, não?

...para outros isso é que é!

Inspiram um significado universal, como se todos os seres humanos as conhecessem e as concebessem de uma mesma forma, com um mesmo significado, uma mesma carga valorativa (ou energética para os mais místicos).

Trasmitem a impressão de serem termos "unívocos" enquanto, na verdade, são equívocos.

Cada pessoa tem sua própria acepção para cada uma dessas palavras e, não raramente, duas pessoas  podem expressar conceitos absolutamente legítimos mas diametralmente opostos e conflitantes, sobre o mesmo tema (amor, paixão, liberdade, prazer, dor e etc...).

Pior do que isso: uma mesma pessoa pode, ao longo de uma vida, mudar de tal maneira sua concepção sobre cada um desses sentimentos que os conceitos que preencham essas palavras de algum significado coloquial sejam, num dado momento da vida do sujeito, conflitantes com sua percepção anterior sobre a mesma questão.

E tem mais: quantas vezes nos vemos debruçados sobre nós mesmos tentando discernir se o que sentimos é amor ou acomodação? Amor ou vaidade? Autoconhecimento/autoconfiança ou arrogância? Tesão ou raiva da rejeição? Amizade ou comiseração? Desejo de vingança ou desejo de justiça? E justiça, mesmo, o que é?

Os sentimentos não são, portanto, unívocos mas as palavras que os expressam podem ser.

O problema da palavra, contudo, é a mesma dos pensamentos e que Fernando Pessoa bem soube expressar:

"Assim como falham as palavras quando querem exprimir

qualquer pensamento, assim falham os pensamentos quando

querem exprimir qualquer realidade”